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A USG Morfológica

Depois da última consulta com o obstetra no dia 27/01/17 fiquei pouco mais de um mês e meio sem vê-lo novamente devido a paralisação da PM. Eu deveria retornar a cada quinze dias no obstetra, mas infelizmente não pude ir na consulta seguinte devido a este fato. Nesse período eu já tinha marcado a USG Morfológica. Estávamos muito ansiosos para fazer o exame e poder descartar qualquer alteração morfológica no nosso Bebê e também saber se esperávamos um menino ou menina. Eu tinha muitos pensamentos em relação ao nosso Bebê, dentro de mim sentia que algumas coisas apenas se confirmariam com o exame, o coração era algo que desde o início eu desconfiava e meu marido dizia que não era nada, então não falava essas outras coisas que eu sentia. "É tanta coisa que eu li que com certeza são coisas da minha cabeça", eu pensava assim. Quanta ansiedade para essa USG, assim como na primeira USG da TN ao mesmo tempo que eu queria fazer, eu já não queria, isso porque eu temia o pior. Tudo que é relativo a Síndrome e alteração Morfológica de alguma forma surgiam em situações quando eu estava presente. Nunca vi tantas pessoas com algum tipo de síndrome ou com alguma mal formação como vi nesse tempo e uma delas sempre chamava minha atenção e por incrível que pareça eu tinha certeza em mim que meu Bebê tinha isso. Como explicar essas sensações e certezas que eu tinha antes de saber?. Olha, eu já disse que Deus estava a todo momento comigo? Pois é, Ele a todo momento esteve, e acredito que o Espírito Santo já me preparava para o que eu viria a ter conhecimento na USG. Enfim chegou o dia mais esperado e ao mesmo tempo mais temido por quaisquer pais, o dia da Morfológica! Como sempre nos organizávamos para deixar as crianças na escola pensando no tempo que levaríamos para ir a clinica, tempo do exame e o tempo que levaríamos para pegá-los na escola. Pensado em  tudo deixamos as crianças e fomos direto para a Clinica onde chegando fiz meu cadastro, pagamento do exame e  aguardei o Dr França me chamar. Enquanto eu aguardava ser chamada peguei um álbum com fotos de Ultras 3 e 4D, mostrei ao Lorenzo e fiquei encantada com cada Bebê lindo e logo imaginava ver o meu também o que não demoraria muito, estava a alguns minutos de ver nosso Bebê "mexilão" pois não ficava quieto em nenhum momento e então a recepcionista nos chamou. "É agora, vai dar tudo certo!". Entramos na sala, a recepcionista me preparou e preparou tudo para o médico vir e fazer o exame. Eu fiquei deitada esperando o médico vir e conversando a todo momento com Lorenzo, e ele pedia para eu me controlar pois eu chorava por tudo, e eu dizia que estava tudo bem, e demos as mãos um ao outro apertamos e dizíamos que já deu tudo certo. E o Dr França entrou, Meu Deus, parecia um anjo com os cabelos brancos e um olhar doce e sereno, com uma voz que nos trouxe confiança e tranquilidade. Sentou e nos cumprimentou e nos perguntou se o Bebê se mexia, dissemos que sim, Lorenzo sempre muito participativo em tudo. O Dr França continuou a perguntar com todas as USG na mão se nós tínhamos feito a Amniocentese e dissemos que não devido as condições financeiras pois o exame era muito caro. Ele logo disse que saber se o Bebê tem síndrome não mudaria em nada a única coisa é que nos prepararíamos psicologicamente para recebê-lo(a) apenas isso. "Oi? E onde fica a equipe médica se preparar?" pois me recordei do que o "Dr X" havia nos dito e o Dr França disse que com o avanço da USG os médicos poderiam ter todas as informações necessárias para poder receber o Bebê aqui fora e que a única coisa é que não poderíamos afirmar é se o Bebê tem alguma Síndrome Genética, somente suspeita. Meu Deus, por momentos eu me sentia culpada por não fazer esse exame, se não é Deus eu já teria surtado a muito tempo, enfim... Depois dessa nossa primeira conversa ele iniciou o exame, que frio na barriga. Ele começou olhando de uma forma geral nosso Bebê e perguntou se já tínhamos nomes e falamos Enzo se for menino e Eloá se for menina, e ele parou nas perninhas do Bebê e eu já ri pois via o que era e ele então falou: "É uma menina, olha lá a rachadinha". Nossaaaaaa errei feio e disse ao Lorenzo: " Amor é uma menininha, Yasmin acertou." e ria a todo momento pois era uma princesinha, nossa ELOÁ.
Que euforia, estávamos muito felizes, agora só queria ver o rostinho da minha Eloá como vi as fotos naquele álbum na recepção e o Doutor continuou a olhar as estruturas e foi para o seu rostinho. A imagem quando vemos na tela não era com aquela cor alaranjada do 4D era de início acinzentada e logo ele nos disse:

Médico: "Olha, ela tem fendinha Labial."
Lorenzo perguntou: "O que é isso?"
Eu respondi: "Lábio Leporino, aquele cortezinho que alguns bebês nascem na boca."
No mesmo momento o Dr confirmou e eu logo disse a ele:

"Doutor, você talvez não vai acreditar mas eu sentia que minha filha tinha isso, eu tinha certeza que ela teria Fenda labial." Com lágrimas nos olhos e sorrindo disse isso a ele.

De alguma forma o Senhor me preparou para isso, como mãe não tive problema algum em receber essa notícia, já sabia que seria uma vida de cirurgias e acompanhamento. Já tinha lido e me informado e por incrível que pareça eu e Lorenzo assistimos uma reportagem juntos sobre o tratamento pré e pós cirúrgico de fechamento de lábio e nem imaginávamos que seria um dia com a gente. Coisas que só Deus explica. Dr França nos disse que seu sobrinho nasceu com Fenda Labial fez a cirurgia e que cresceu e se formou em medicina se especializou em Cirurgia Plástica para poder corrigir essa malformação nas pessoas. Que Lindo e que superação! Isso era música para meus ouvidos, se ele conseguiu a minha filha também vai superar. Hoje o tratamento está muito avançado para esse problema.  
Ele continuou o exame e disse que não dava para dizer se apenas se tratava de Fenda Labial ou se também teria acometido o Palato pois ela não ajudava muito, estava com suas mãozinhas no rosto e mais surpresas surgiram, ele visualizando suas mãos nos disse:

Médico: "Ela tem polidactilia."
Eu e Lorenzo:"O que é isso?"
Médico: "Ela tem seis dedinhos nas mãos."

Eu até fiz brincadeira dizendo "haja esmalte para essa menina" e ria a todo momento, ao mesmo tempo que era assustador não sei explicar ao certo mas estávamos VIVENDO aquilo no sentido de aceitação mesmo, sabíamos que tudo poderia acontecer e as coisas começaram a tomar um rumo e não tínhamos o porquê nos rebelar, era vivenciar aquele momento ao máximo possível, era único!
O Doutor foi ver os pés da Eloá pois é comum ter alteração em todos os membros, ele olhou e não viu nada alterado, seus pés eram como a estrutura de um pé humano. Falo assim pois ouvimos muito a palavra "NORMAL" "NORMAL" "NORMAL", "Sua USG está "NORMAL"?", "Sua outras Gestações foram "NORMAIS"?" e etc... Nesse contexto essa palavra soa de forma tão cruel, é o mesmo que dizer que seu filho é anormal, uma aberração da natureza, doído isso! Com dedo ou sem dedo, com o pé torto ou não você é o melhor de Deus pra nós e nada disso fará eu te ver diferente dos outros, você é única. Vou te ajudar a enfrentar esses desafios pois infelizmente existem serem humanos cruéis, mas saiba, enfrentaremos juntos sempre!
Dado seguimento ao exame e ao olhar a região torácica e abdominal da Eloá ele nos disse:

Médico: "Olha, aqui é o coração, e aqui o estômago, os rins e a bexiga. Os Rins estão um pouco dilatados, e a bexiga esta cheia é sinal que estão funcionando."
Ok Doutor, graças a Deus. Eu perguntava se as outras coisas estavam certinhas e ele continuava a olha. Estrutura física estava tudo certinho. Coluna Ok, braços e pernas também estão Ok.
Ele novamente tentou olhar o rostinho mas Eloá não ajudava muito, então mediu cabecinha, abdômen, fêmur, úmero, rádio... Viu a parte cerebral, mediu e etc... Feito tudo isso fomos para o coração. Ali meu coração estava a mil, pois sempre fiquei desconfiada que havia algo no coraçãozinho da Bebê. Ele começou olhar e já disse que a posição dela não estava ajudando muito pois as costelas dela faziam sombra no coração atrapalhando a visualização, mas ele foi muito insistente e seguiu observando. Depois de aproximar imagem, congelar imagem, virar de um lado, virar do outro ele então falou algo:

Médico: "Aqui é o coração, esse é o átrio direito, esse é o esquerdo, aqui são os ventrículos direito e esquerdo e está vendo isso aqui..."

Nossa eu já estava aérea com essas pausas para essa frase "está vendo isso aqui?", então ele focou no meio dos ventrículos e disse que tinha um buraquinho ali mas ele queria uma melhor visualização para dar essa certeza, mas que se confirmado isso poderia se fechar de acordo com o desenvolvimento dela. Ele continuou falando que a posição dela não era favorável e nos adiantou uma suspeita que ele tinha, ele olhava as artérias do coração e ele disse que elas deveriam ser cruzadas e que aparentemente ele as via em paralelo. Eu não entendia nada do que ele falava mas fiz questão de guardar cada palavra para quando chegasse em casa eu poder pesquisar a respeito. Olhou a placenta e o cordão umbilical e estava tudo certo. Ele tentou pegar a imagem da Eloá em 4D mas ela não ajudava em nada, as mãos ficavam o tempo todo próximo ao seu rostinho, muito linda mas infelizmente não pudemos ver com perfeição. Perguntei sobre o peso e tamanho da Eloá pois eu sentia muitas dores com seus movimentos e ele nos disse que ela era pequenininha para o tempo de gestação, eu estava com 23 semanas e ela tinha a biometria de 20 semanas, eu sinceramente não imaginava, tá aí uma coisa que me pegou muito de surpresa. Ela estava com aproximadamente 27cm de comprimento e pesando 434g. Com todos esses fatores não estava descartado a possibilidade da Eloá ter também alguma Síndrome Genética.
Ela era muito pequenininha, mas se mexia de uma tal forma, fazia da minha barriga um lindo Playground. Quanto mais ela se mexesse melhor era, isso era sempre um bom sinal pois com muitas alterações e tantas possibilidades tudo poderia acontecer. 
Dr França nos disse que se fossemos esperar a boa vontade dela iriamos ficar horas lá, já tinha mais de uma hora que estávamos fazendo o exame então ele pediu que eu voltasse em quinze dias para ele ter certeza de algumas coisas e que não nos daria nenhum laudo naquele dia. Eloá mexia bastante mas ela não virava numa posição boa, então vamos ver na próxima se ela ajuda, ele ainda nos disse para conversarmos bastante com ela para ela poder cooperar rsrs. Agradecemos a ele e nos despedimos.
Eu a todo momento controlei minhas emoções mas na hora que acabou e eu fui me arrumar então eu desabei. Saímos da sala do exame e nos dirigimos a recepção, eu só sabia chorar depois, acho que começou a cair a ficha de algumas coisas, era muito mais do que podíamos imaginar, então veio um choro desesperador e minha cabeça começou a doer instantaneamente, inexplicável. Lorenzo pediu que eu ficasse mais calma pois isso não nos faria bem e eu pelo menos tentava. Saímos de lá com o retorno para 23/03/17 e um detalhe, ele não nos cobrou nada nessa segunda USG, ele poderia muito bem ter feito e me dado o laudo com o que ele estava vendo e pronto mas ele quis de alguma forma nos ajudar e pediu que voltássemos. Glórias a Deus por isso, se tivéssemos que pagar de novo não teríamos condições. DEUS É PERFEITO!!!!!
Se já não queríamos falar com as pessoas antes, então agora queríamos ter certeza da certeza de tudo o que o médico havia nos falado. De certa forma foi um baque pra nós, imagina administrar aquilo tudo, e eu não estava preparada para lidar com a surpresa das pessoas. "O que vamos falar então, todos irão nos perguntar!?" Vamos contar o sexo da Bebê e pronto e que não temos nenhuma foto dela pois na ultra ela não ajudou muito caso alguém perguntasse, o que não era mentira mas não vamos entrar em detalhes. Assim fizemos. Não sei como ficava essas informações na cabeça das outras pessoas, o ser humano é tão questionador, de alguma forma ele quer saber o que o outro tem mas não tem coragem de perguntar. Era tanta coisa para administrar que sinceramente não queria nenhum pouco administrar essas coisas com os outros. Eu sempre dizia ao meu marido: "Amor, como falo dessas coisas para outra grávida ou para uma jovem casada que não tem filhos e está com planos de ter filhos?", eu não queria que essas pessoas ficassem com medo de realizar um sonho por medo de acontecerem com elas também. Era muito difícil lidar com essas questões. Quando minha cunhada ligou para saber como foi a USG pois estávamos muitos ansiosos para saber como o Bebê estava eu disse que era uma menininha, que teríamos que repetir o exame pois o Doutor queria ter certeza das alterações do coração, a parte morfológica não tive coragem de falar pois ela estava esperando meu sobrinho ainda, não queria ela preocupada em relação ao seu bebê. São situações tão difíceis de lidar, sabíamos como nosso coração estava, mas não queríamos que outros vivenciassem o que estávamos vivendo. E fomos levando cada dia, um dia era difícil, já outro não era tanto.
O diferencial nisso tudo foi a presença de Deus a todo momento com a gente. Chegamos em casa e fizemos uma pequena brincadeira com as crianças para revelar o sexo da bebê... Compramos um Kinder Ovo rosa e tiramos a embalagem original e colocamos ele num papel alumínio. Demos para as crianças e dissemos que o brinquedinho iria dizer qual era o sexo do Bebê... Eles abriram cada um ficou com uma banda do ovo e logo perceberam que o brinquedinho era de menina, Yasmin deu um grito e pulava de tanta felicidade. O oração forte dessa menina hein rsrs. Infelizmente não tivemos tempo para preparar algo mais elaborado, só posso dizer quão divertido foi ver a alegria deles. Muitas eram as dúvidas e preocupações dali por diante, não era apenas a TN mas agora as outras possibilidades. "Que o senhor nos ajude nessa caminhada" muitas vezes pensávamos ou falávamos assim. Com todas as novidades dessa nova USG tínhamos muito mais para nos alegrar... O Senhor nos deu mais uma menininha, uma princesinha e como eu havia pedido que fosse pequenininha. Ela era pequenininha mesmo, e muito ativa, sempre muito alegre dentro de mim. A luta aqui fora estava grande, mas imagina o que estava sendo para minha princesinha com vários prognósticos negativos. Ela já era uma linda GUERREIRA. 
"SE ELA NÃO DESISTE, NÃO SEREMOS NÓS QUE IRÁ DESISTIR!"
Vamos seguindo de FÉ em FÉ, pois não há impossíveis para Deus.

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