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25/04/2017 Consulta + Surpresas

A semana do meu aniversário chegava e com ela o dia de ver a Obstetra. Era o meu mês e eu já imaginava as surpresas dos meus amigos com bolo, suco pois não bebo mais refrigerante hahaha, aqueles que amo reunidos para comemorar comigo mais um ano de vida. Tenho certeza que alguém planejava, mas me fazia de desentendida, dia 26 de Abril seria mais um dia de festejar, mas enquanto não chegava, eu tinha que ir primeiro na consulta um dia antes e nesse dia eu estava plena. Eu seguia uma rotina em dias de consulta, era tudo cronometrado para que eu não me atrasasse e nesse dia minha consulta seria às 12h35, então eu teria que sair bem mais cedo que o normal. Eu e Lorenzo combinamos que eu iria na frente e ele iria logo depois de deixar as crianças na escola. Nunca éramos atendidos exatamente no horário marcado e tínhamos certeza que daria tempo dele chegar antes de me chamarem. Eu fui um pouco lenta nesse dia e saí de casa atrasada e sabia que não conseguiria chegar a tempo então pedi carona a um amigo que levaria sua esposa para faculdade naquele mesmo horário em que eu aguardava o ônibus, o seu trajeto também era o mesmo caminho do hospital e eles me levaram. Graças a Deus, pois não poderia imaginar perder essa consulta. Sempre muito prestativos, esse casal eram os mesmos que ficavam com os nossos filhos quando resolvíamos pedir. Cheguei a tempo, ufa! Eu entreguei meu cartão de Pré-Natal e aguardei ser chamada pela enfermeira para ver peso e Pressão Arterial. Quando a enfermeira me chamou fui até sua sala, ela era muito, muito adorável. Conversamos um pouco e por ser Pré-Natal de alto risco ela me perguntou o que eu tinha, pois geralmente os problemas são na mãe e ali eu disse que se tratava de probleminhas em minha filha, e ela muito amistosa me disse para ter confiança em Deus pois Ele pode todas as coisas. Eu a olhei profundamente e já tinha convicção daquilo que ela acabava de me falar, mas apenas respondi: "Amém, eu creio!". Eu não tinha engordado muito e a pressão estava ótima, então ela me desejou muita sorte e me deu um abraço muito gostoso e logo fui direcionada para aguardar em frente a sala da médica. Eu liguei para o Lorenzo para saber se estava chegando e ele me disse que ficou mais de meia hora e nenhum ônibus passou e achou melhor não ir pois se caso a consulta demorasse não teríamos quem pegasse as crianças e concordei com ele. Eu queria muito que ele estivesse comigo pois nós dois iríamos perguntar muitas coisas, me restava perguntar tudo e dessa vez não esquecer de nada. Todas as gestantes que eu via lá os seus problemas eram na maioria pressão alta, nenhum caso comparado ao meu e eu pensava muitas vezes assim: "Será que aqui é o lugar certo?", eu não sabia pois tudo era muito incerto, mas tinha que confiar. Logo a Doutora me chamou e perguntou como foram meus dias e eu disse que de muita preocupação. Eu ainda tinha muitas dúvidas, e por ficar muito preocupada com o assunto Doppler, a "Dra Angel" havia conseguido uma ultrassom pra mim onde eu fiz. Logo eu entreguei nas mãos dela e ela me orientou a deitar pois as Médicas Residentes iriam me examinar e lá fui eu. Deitei e elas ouviram o coração da Eloá que estava ótimo, fizeram toque que mostrou o colo do útero fechadinho e mediu minha barriga que não cresceu muito apenas dois centímetros onde a Altura Uterina estava com 25cm, muito pequena para 30 semanas. Visto tudo isso a Doutora começou conversava com as Residentes, e o que ela falava e eu não entendia e ao mesmo tempo não queria acreditar, pra mim não passava de uma grande brincadeira aquilo tudo e a médica então disse:

Médica: "Náila, seu Doppler não está nada bom! Você vai fazer outro para ver como esse fluxo sanguíneo está."
Eu: "Sim, eu faço e mostro quando?"
Médica: "Agora!"
Eu: "Agora, mas vou fazer onde?"
Médica: "Náila, você vai agora na emergência do hospital com um pedido que farei aqui, e você vai repetir novamente esse Doppler  pois dependendo de como estiver, você vai tomar corticoides e já ficará internada, pois sua bebê pode está entrando em sofrimento fetal, ok?" (Nesse momento dei um sorriso de quem não estava acreditando em nada do que estava ouvindo)
Eu:"Internada, corticoides, sofrimento fetal, eu vou ganhar neném hoje?"
Médica:"Você já tomou corticoides na gravidez?"
Eu: "Eu nunca, é para o pulmão do bebê né?"
Médica: "Sim, o corticoides é para amadurecer o pulmão do bebê pois se sua filha nascesse hoje seu pulmãozinho ainda está formação e é muito arriscado para ela, o corticoides irá ajudar esse pulmãozinho ficar fortinho. A intenção é deixá-la aí por mais tempo pois ela seria um prematuro extremo." (Eu estava fora de mim naquele momento, ao mesmo tempo que eu ouvia aquilo eu não queria acreditar em nenhuma palavra)
Eu: "E o coraçãozinho dela, eu ainda não fiz o Ecocardiograma Fetal, eu irei fazer semana que vem?!"
Médica: "Você tem como pagar esse exame, pois aqui no HUCAM não faz, e o hospital que faria pelo SUS (HEIMABA) não está fazendo mais?!"
Eu: "Eu posso sim. Então semana que vem eu faço e quando eu volto?"
Médica: "Vou deixar um retorno para daqui a 15 dias e você trás a Eco, Ok?"
Eu: "Ok então."
Médica: "Pode ir no mesmo lugar que você fez esse Doppler que ligarei para as meninas avisando que você está subindo. Caso eu não esteja mais aqui as obstetras do plantão podem olhar o seu exame, caso precise você já ficará aqui e vamos monitorando vocês, tudo bem?!"
Eu: "Bem, bem não, mas em nome de Jesus vai dar tudo certo!" (Eu pegava na minha barriga e dizia para Eloá ficar bem quietinha aqui dentro pois tínhamos muitas semanas pela frente)

Agradeci a todas elas e sem acreditar em nada fui caminhando a passos lentos para o hospital. Liguei para o Lorenzo e contava para ele todo o conteúdo da consulta e nem ele acreditava em nada daquilo. Ele queria saber por que eu poderia ganhar a Eloá antes do tempo pois achávamos estar bem, e eu disse que era provável a bebê estar entrando em sofrimento. Mal podíamos acreditar naquilo tudo, como que uma notícia inesperada mexe com toda estrutura de uma família. Bem, sabíamos que minha gestação era de risco, mas daí pensar em um parto prematuro com 30 semanas era de mais pra nós, pra isso não havíamos nos preparado mesmo. Lorenzo disse para eu ficar calma que em Nome de Jesus não aconteceria nada de ruim a nossa filha, e eu tentava ficar o mais calma possível. Quando cheguei ao hospital fui direto a sala de ultrassom e lá entreguei o pedido da obstetra e a mulher que ficava com os nossos pedidos me perguntou o porquê a médica pediu para repetir o Doppler, e eu respondi que a doutora disse que a bebê talvez estivesse em sofrimento. Na sala de espera tinham outras gestantes que estavam aguardando também para fazer USG, e a atendente disse que me passaria na frente pois no meu caso o exame era mais rápido que o delas e eu fui para a sala mais uma vez. As meninas eram muito simpáticas comigo e me pediram para deitar pois iriam iniciar o meu exame. Fiz o que elas me pediram e então começaram a fazer a USG. Logo no início do exame elas diziam entre elas, "ELOÁ CENTRALIZOU!". Eu sem entender nada tinha achado que a Eloá estava no centro da barriga na posição de nascer. Elas me perguntavam se Eloá estava se mexendo bem, e eu disse que sim. Eloá não parava pra nada, a impressão que eu tinha era que ela aproveitava a sua vidinha ao máximo, eu só não percebia seus movimentos quando eu dormia, ou muitas vezes eu acordava com seus chutes, ela era um máximo. Elas continuavam observar as Artérias Umbilicais, Artéria Cerebral e notavam que a resistência dessas artérias tinham aumentado mais e naquele momento a expressão de todas elas mudaram. Elas me perguntaram o que a minha Obstetra havia me falado, então eu disse que ela me orientou a fazer esse novo Doppler pois a Eloá talvez estaria entrando em sofrimento fetal e disse que dependendo de como for o resultado eu já tomaria uma injeção de corticoide e ficaria internada. Elas me ouviam e iam finalizando o exame, não tinha muito o que ver a mais, já estava tudo muito claro e elas me disseram:

Médica: "Náila, o Doppler da Eloá mostrou que ela centralizou."
Eu: "Mas o que isso significa?"
Médica: "Quer dizer que o fluxo sanguíneo dela está muito ruim, as artérias umbilicais estão com a resistência aumentada, a artéria cerebral dilata mais para os órgãos principais não ficarem sem sangue."
Eu: "Mas o que eu tenho agora, levo o exame para a minha Obstetra? Acredito que ela não esteja lá."

Nesse momento elas começaram a falar entre si que se fosse o caso elas abririam uma ficha pra mim lá mesmo e fariam a administração de corticoide. Uma tentou ligar para minha médica mas ela já havia ido embora, e as Residentes que também estavam na hora da minha consulta orientaram para que as Plantonistas me avaliassem, e ouvindo tudo aquilo eu disse:

Eu: "Mas então eu posso ter neném hoje?
Eu ainda não preparei nada, ia fazer apenas a malinha para maternidade no mês que vem. E se me internarem, aqui não é referência em cardiologia! O que eu faço?"
Médica: "Náila, Calma! A Eloá é muito prematura e não podemos pensar em ela nascer agora, o que temos que pensar é ela ficar por mais tempo aí dentro. O corticoide é caso ela venha nascer antes do tempo, mas vocês precisam ser monitoradas. Sobre as coisas para Eloá, não se preocupe, caso ela venha nascer por agora, ela ficará na Utin e você terá mais tempo para ver isso com mais calma depois, então não se preocupe quanto a isso. Sobre o coraçãozinho dela, dependendo de como seja a cardiopatia você poderá ganhar aqui sem nenhum problema. Você fez o Ecocardiograma Fetal?"
Eu: "Ainda não, eu farei semana que vem. Sobre o Hospital nesse caso eu prefiro não arriscar, eu e meu esposo tínhamos planos para irmos a São Paulo e lá cuidarmos de toda a parte cardiológica da Eloá, mas como faremos isso com essa novidade!?"
Médica: "Talvez vocês não teriam esse tempo e a opção aqui é o HEIMABA em Vila Velha."
Eu: "É eu sei, mas não tenho muita confiança lá."
Médica: "Vamos digitar seu laudo e você vai lá hoje mesmo para eles te darem o corticoide e provavelmente você ficará internada...
Leva algumas coisas pessoais e não se preocupe com coisinhas para Eloá."
Eu: "Eu tenho algumas fraldinhas descartáveis, posso levá-las?"
Médica: "Pode sim, vai tranquila e não deixe de nos mandar notícias. Quando fizer o Ecocardiograma Fetal, trás pra gente ver."
Eu: "Trago sim, e muito obrigada! Tenho certeza que dará tudo certo." (Eu tinha um retorno para a obstetra, as meninas da USG pediam para eu voltar para mostrar o Ecocardiograma Fetal e eu nem sabia se teria esse tempo para fazer essa ultra. Tenho certeza que isso foi para me tranquilizar pois lá no fundo todas elas tinham ciência do que poderia acontecer)

Lembro-me que quando saí da sala e fui descendo as escadas, me bateu um desespero tão grande que eu sentei em umas cadeiras em frente a escada e chorava muito. Senti tanto medo naquele momento. Minha filha estava correndo tanto risco que eu não sabia dimensionar o quanto. Antes disso tudo eu tinha ligado para uma amiga que trabalha nesse mesmo Hospital pois eu precisava de alguém para conversar e ela não tinha ido nesse dia, tinha acabado de fazer uma endoscopia e estava de atestado médico. Eu tinha contado que a médica suspeitava que a bebê estava em sofrimento e ela já dizia que entraria em oração. Naquelas cadeiras como eu queria que ela estivesse naquele dia no Hospital, como eu precisava de um abraço. Eu me levantei e saí do hospital e descendo a sua ladeira eu não estava mais em mim, tive medo até de atravessar a rua sozinha pois eu fiquei muito impressionada com aquilo tudo. Liguei para o Lorenzo e falei tudo o que estava acontecendo e disse que queria ir logo no HEIMABA pois não queria esperar muito tempo já que a Eloá estava correndo risco. Eu não sabia o quanto mais esse Doppler poderia mudar e nem em quanto tempo isso iria acontecer, queria correr logo para esse Hospital. Lorenzo pediu para eu me acalmar pois teríamos que nos organizar por causa das crianças, com quem veríamos um carro para nos emprestar e eu era insistente em querer ir sozinha para a Maternidade mas ele dizia que iria comigo, então disse que ligaria para meu irmão e veria o carro com ele, nisso Lorenzo já iria se organizando para pegar as crianças na escola, pediu que eu ficasse calma e ter cuidado quando fosse atravessar. Logo eu liguei para o meu irmão e disse o que estava acontecendo e eu chorava muito e meu irmão sempre com palavras positivas... "Não vai acontecer nada não!", "Confia em Deus!". Ele nos emprestaria o carro e me disse que assim que eu chegasse em casa era para eu ligar que ele levaria o corro pra nós. Logo minha cunhada me ligou para saber como foi a consulta e eu estava em prantos, ela pedia para eu ter Fé que o Senhor estava cuidando de tudo. Eu estava atordoada, chorava muito, as pessoas olhavam mas não falavam nada. Minha expressão era de uma pessoa assustada com algo mas ninguém sabia o que era. Liguei para o Lorenzo e disse que eu estava no ponto aguardando o ônibus, disse que havia um congestionamento quilométrico e ninguém sabia dizer o porquê disso naquele horário. Minha sogra me ligava muito e eu não queria atendê-la pois ela é muito apavorada. Como ela insistia muito eu resolvi atender a ligação e ela também queria saber como foi a consulta e eu então falei, mas pedi que ficasse calma pois não era para se descontrolar, Deus estava no controle de tudo. Logo ela ligou para meu sogro e contou o que estava acontecendo comigo, e não demorou muito ela me retornou dizendo que iria na Maternidade para ficar comigo, eu disse que não tinha necessidade pois eu precisava mais de pessoas aqui fora do que lá dentro e não precisavam ficar apavorados, nãos sabíamos se realmente a Eloá viria nascer naquele dia, então se eu precisasse queria que eles ficassem com as crianças e eu os deixaria informados quanto a situação. Nossa, que dia foi aquele! Eu gastei mais de uma hora num trajeto de 10 minutos de um bairro a outro e depois mais meia hora até chegar em casa, eu estava esgotada, com fome, a mente estava extremamente agitada, eu pisava mas não sentia minhas pernas. Eu enxuguei as lágrimas antes de entrar dentro de casa pois as crianças são muito atentas a tudo e assim que me viram logo perguntaram por que eu estava chorando e eu dizia que não era nada de mais. Lorenzo logo olhou pra mim e a expressão dele era de alguém totalmente perdido. Eu logo disse para ele ter calma também pois já tinha dado tudo certo. Expliquei a orientação das meninas no Hospital e disse que precisávamos ir naquele mesmo dia na Maternidade pois talvez eu poderia ter a Eloá. Ele não acreditava que eu a teria naquele dia mas mesmo assim fomos ao hospital. Meu irmão levou o carro para que pudéssemos ir e ficou com nossos filhos. A caminho do hospital tentávamos entender aquela nova situação e por mais que conversávamos não chegávamos a lugar algum. Eu chorava de preocupação e medo, tinha a plena consciência de que se a Eloá viesse a nascer naquele tempo suas chances de sobreviver seriam cada vez mais distantes e o desespero de mãe em perder um filho começou a me tomar então eu tinha duas escolhas... Ou escolheria desistir e me entregar ao desespero, ou escolheria Lutar pela vida da minha filha e eu decidi pela Eloá, não importava o que viesse a acontecer eu lutaria até o fim pela nossa filha. Ao chegar no HEIMABA eu sentia minhas pernas trêmulas, aquele lugar me dava arrepios, como já era noite então tudo fica mais assustador. Nos dirigimos a recepção e fiz meu cadastro e nos direcionaram para a maternidade. Eu e Lorenzo caminhávamos nos corredores do hospital em direção a maternidade e cada vez mais eu dizia a ele que aquele lugar me dava medo e ele apertava a minha mão e dizia para eu ficar tranquila pois não daria nada, e o que nós sentíamos era um misto de tudo. Ao chegar na maternidade não demorou muito e me chamaram. Nossa, tinham tantas gestantes nesse dia que dava para você tropeçar nelas. Me levaram para a sala de todos os plantonistas onde até as outras gestantes te olhavam sem ter nenhuma privacidade. Não é por que tem apenas mulheres em trabalho de parto que os outros também possam te ver. É muito constrangedor isso tudo, são muitas pessoas em volta de você e você não sabe como agir de tão constrangida que fica. Assim que entrei nessa sala entreguei meus exames e um Médico Residente pegou e olhou, já outra Residente fez exame de toque em mim e escutou o coração da Eloá, e de repente mais duas entraram na sala, eu estava sendo muito bem assistida, não!? A médica responsável por aquele plantão me perguntou por que eu estava lá, e o Residente disse que a Eloá tinha uma cardiopatia e a médica responsável do plantão disse com tom arrogante que não era o suficiente para eu ter a Eloá lá, ou seja, eu poderia tê-la no hospital de Vitória e caso necessário eles solicitariam a transferência para o HEIMABA. Ela pegou minha morfológica na mão e disse:

Médica: "Esse bebê não vai nascer agora não pois está com 25 semanas, pode ir pra casa que não vamos fazer nada agora!"
Eu: "Não Doutora, eu não estou com 25 semanas e sim 30 semanas, e não vim aqui por causa da morfológica mas por causa do Doppler da bebê que deu alterado, mostra centralização Fetal." (O Médico Residente estava com meu Doppler bem atrás das outras ultrassons e ele se limitou apenas na morfológica e se eu não mostro onde meu Doppler estava eu nem seria atendida, e assim que mostrei a Doutora pegou meu Doppler e disse:)
Médica: "Mas porque você veio pra cá?" (Até parecia que eu era médica pois as respostas que eu queria eu tinha que dar a eles, absurdo isso)
Eu: "Vim pois a orientação que eu tenho é que vocês irão me dar injeção de corticoide e me internar, e se necessário farão uma cesárea."
Médica: "Bem, não temos condições alguma de fazer uma possível cesárea hoje e nem de te internar, não tem lugar aqui hoje, e seria necessário preparar toda a equipe para receber sua filha pois ela tem uma possível Síndrome Genética e cardiopatia, então a Utin precisa estar toda preparada e não temos condições hoje. Agora, eu não daria corticoide! (Nessa última frase dela, ela continuava falar...)
Médica: "Eu não daria corticoide, eu tiraria logo senão vai morrer e se não tirar vai morrer do mesmo jeito!" (Eu apenas olhava sem ação nenhuma em ouvir aquilo e ela pediu a opinião de outra médica que disse que era melhor tirar pois iria morrer, e as duas ficaram falando de outro caso em que o bebê morreu e etc... e logo ela veio até mim e disse:)
Médica: "Olha, a minha conduta seria em tirar e nem dar corticoides, isso não vai fazer nenhuma diferença agora, e você sabe que ela pode morrer no parto, não sabe?!
Eu: "Sim, eu sei! (nesse momento eu chorava muito)
Médica: "Olha, você vai pra casa não coma mais nada e volta amanhã cedo e veja o que o médico do plantão vai optar em fazer e amanhã será mais tranquilo aqui, mas vem bem cedinho para ser a primeira ser atendida." (Eu nem sabia mais o que fazer, me senti igual peteca, agora quem teria que dar o próximo tapa era o plantonista da manhã)
Médica: "Se fizerem a cesárea amanhã você já está de jejum, Ok?!
Eu: "Tudo bem, amanhã estarei aqui novamente e vamos ver o que vai dar então."

Eu me levantei e antes que eu saísse da sala uma Residente me abraçou bem forte e disse para eu confiar em Deus. Eu apenas chorava, e peguei meus exames e fui em direção a saída onde Lorenzo me aguardava e quando eu o vi me lancei nos seus braços e chorava intensamente e ele não entendia nada, eu apenas pedia que deixasse eu assim um tempo e assim ele fez. Logo eu disse que não deu em nada ir lá, pois a plantonista daquela noite jogou para o próximo plantonista da manhã e disse para eu estar lá bem cedo. Eu falei que iria fazer uma mala com coisas pessoais minhas pois era bem provável me internarem pela manhã e logo fomos para casa e aos poucos íamos tendo a dimensão da gravidade dos fatos. Nós tínhamos combinado de ir na casa de nossos pastores pela tarde daquele mesmo dia para conversar e iríamos contar tudo o que estava nos acontecendo, e devido a mudança repentina nem pudemos ir, e no caminho para casa após sair do HEIMABA eu sugerir ao Lorenzo irmos na casa deles naquele momento e por ser tarde e ser um assunto tão delicado ele achou por melhor não irmos e depois falaríamos com eles, naquele momento precisávamos pensar em como fazer com as crianças, e não seria bom para nosso pastor saber daquela forma pois o mesmo estava passando por problemas de saúde e concordei com meu esposo. Naquela altura do campeonato tirando meu irmão, cunhada e uma prima, ninguém da minha família tinha conhecimento do que estava acontecendo e agora não tinha como não falar. Tentei de todas as formas nos poupar de inconvenientes, e poupar minha mãe que estava em tratamento e meu avô idoso, mas agora não tinha como mais. Cheguei em minha casa e meu irmão deixou o carro com a gente pois iríamos sair bem cedo, e decidir com Lorenzo em deixar as crianças com minha tia e assim que ele foi deixar meu irmão na casa do meu avô, eu liguei para minha tia e contei o que estava acontecendo e que a Eloá poderia nascer no outro dia, ela foi tão amável comigo e disse que ficaria com as crianças sim, e me disse para ficar tranquila pois Deus estava no controle de tudo eu a agradeci e pedi que não fizesse alarde pois não tínhamos certeza se Eloá realmente nasceria no outro dia. Como eu tinha algumas roupinhas para Eloá, pedi que ela lavasse pra mim pois se caso eu precisasse já estariam limpinhas e ela disse que eu não precisava me preocupar com nada pois ela lavaria e passaria tudo. Nossa, eu fiquei maravilhada como a minha tia recebeu a notícia, ela estava tão serena no telefone, nunca havíamos conversado daquela forma, que experiência maravilhosa eu tive com ela. Assim que deliguei o telefone eu logo em seguida liguei para uma prima e contei também exatamente tudo, e disse que eu iria mandando notícias. Eu estava com muita fome pois não havia me alimentado direito antes de ir para o hospital e tinha que estar em jejum para uma possível cesárea. Lorenzo chegou em casa depois de levar meu irmão no meu avô e estava muito cansado, jantou e disse que iria dormir para se recuperar daquele dia e eu estava quase desmaiando de fome mas não podia comer e mandei uma mensagem a "Dra Angel" peguntando se eu poderia comer um mingal ou fruta, isso já eram meia noite e ela logo me respondeu que eu poderia sim mas que depois de 00h30 eu não poderia comer mais nada por causa da possível cesárea e assim eu fiz. Contei a ela que no hospital não tinha dado em nada, me mandaram pra casa pois não poderiam fazer muita coisa e a maternidade estava lotada, disse que não adiantava me estressar pois mantive a calma até aquele momento e a assim iria prosseguir. Eu disse a ela que tudo aquilo era surreal pois não esperávamos mesmo isso acontecer, de repente meu presente de aniversário seria a Eloá, inacreditável isso tudo! Ela foi a primeira a me dar os parabéns e me disse que Deus estava no controle. Quando todos estavam dormindo eu fui para minha sala orar ao Senhor com minhas lágrimas pois as palavras não saíam, que medo, que dor! Eu tinha que fazer minha mala e não tinha mais forças para isso. Só pedia a Deus que tivesse misericórdia me mim e da minha filha. Como eu queria que aquela noite não terminasse, eu estava já sem forças e eu só queria que a minha princesinha ficasse em minha barriga por mais tempo para ficar mais forte e ela nos surpreendeu com um desejo de conhecer mamãe e papai antes do tempo. Fui tentar dormir nesse dia, o meu corpo estava parado mas minha mente não parou por um segundo. Enfim, era PARABÉNS para mim e pelo visto Papai do céu iria antecipar meu presente. Deus e seus mistérios.
Doppler de Urgência onde mostrou a Centralização Fetal.

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